Como foi o início da revista?
A revista foi feita pela ONG que trabalha com comunicação, tínhamos um projeto em uma escola, trabalhamos de 2004 a 2006, em 2007 saímos dessa escola e montamos a ONG. A gente sempre quis montar uma revista, por que a gente sempre trabalhou com fanzine e queríamos uma coisa mais densa, com mais recursos. A idéia era fazer uma revista que falasse de conteúdos mais gerais, que tivessem várias seções, mas acabou não rolando, por vários motivos, e a segunda idéia foi montar uma revistas de histórias em quadrinhos. A gente consegui contattar pessoas de vários lugares do Brasil, tinha um cara de Manaus, um de Pelotas, um de Goiás (acho que era Anápolis), um de Pernambuco e um de São Paulo. Só que o cara de Pernambuco não mandou a história dele e a gente ficou com dez páginas em branco e o cara de São Paulo reduziu de dez pra cinco, ai já tínhamos menos quinze páginas e a gente não queria essa redução, a gente até podia ter feito isso, mas a gente preferiu colocar outras coisas, conseguimos um ensaio fotográfico, falamos um pouco sobre a Rede Interferência, conseguimos alguns ilustradores e a revista nasceu com essa cara falando de arte e comunicação.
A segunda edição a gente está produzindo a um ano, mas a idéia é pegar esses ilustradores, quadrinistas, fotógrafos, o pessoal da literatura, pegar um pouco de reportagem, enfim, fazer diagramação e coisas assim.
Quando foi nos passado sobre esse trabalho, o que a maioria das pessoas fariam seria ir nas editoras consagradas como Abril, globo, entre outras, e a nossa idéia foi fugir do convencional e pegar essas revistas feita por jovens, e mostrar essas dificuldades. No nosso curso mesmo tem muita gente que quer um dia abrir sua própria revista, quais são as maiores dificuldades que se encontra?
Tem algumas dificuldades que são ligadas a produção da revista e outras dificuldades mais técnicas, relacionadas à distribuição e impressão. O custo de impressão de uma revista não é tão caro assim, mas esse é um fator que complica um pouco, por que a gráfica quer o pagamento antes do trabalho acontecer, e como aqui é uma ONG o nosso capital de giro é muito pequeno, tanto que nossa segunda edição só não saiu por causa disso. A gente até mandou pra uma gráfica, mas teve alguns problemas lá e a gráfica não quis dividir em duas vezes, enfim. E a gente por enquanto não quer colocar anuncio, por que se a gente coloca eles podem querer mexer no conteúdo, e como a idéia é ter um território livre, a gente ainda ta resistindo isso de informe publicitário, a gente até pode por algo institucional, algo de alguma empresa que lute pelo meio ambiente, saúde, algo que fale sobre isso pras pessoas. Pode ser interessante pra empresa e pra gente também.
Outro dificuldade que nós encontramos é lidar com pessoas que estão muito longe da gente, a gente não consegue ter um controle absoluto das coisas, se bem que é até bom não ter, a gente tem um cara de Manaus, um de Curitiba, um de Goiás e a velocidade das coisas acontecem é muito melhor. Essas pessoas fazem outras coisas e fazem esse trabalho da revista por que gostam. Dessa vez a gente tem até quadrinista profissional, participou na primeira edição, na segunda também, tem um cara que é biólogo e que fotografa, ele ta falando sobre a biodiversidade do serrado com fotos dele, que são bem legais, então você tem esse ritmo diferente de uma empresa de comunicação que publica uma revista comercial. O ritmo é seu, mas é de todos outros que estão colaborando com a revista.
Você acha que a mídia impressa vai acabar?
Eu acho que o jornal impresso vai ter um fim, por que a internet fornece muito mais informações, numa velocidade muito mais frenética, você consegue linkar muito melhor do que em um jornal impresso. A revista eu não vejo o fim dela não, por que a revista é muito temática, ela traz um outro olhar sobres as coisas, tem uma diagramação muito mais livre comparando com o jornal, não tem aquela estrutura fixa, aquela coisa de colunas fixas. A revista de possibilita muito mais coisas.
Eu não compro mais jornal, eu leio mais internet. Uma coisa legal que da certo são esses jornais de bairro, quando você tem esse jornal mais próximo das pessoas acaba dando mais certo, no geral são jornais gratuitos e você atinge mais pessoas.
Você disse que a gráfica quer o dinheiro antes da impressão, como vocês pagaram a primeira revista e como é feita a venda?
Nós fizemos um empréstimo para pode imprimir a nossa primeira edição, e a venda é feita de porta em porta, a gente conheceu muita gente legal e muita gente chata também. Se bem que a gente conheceu mais gente legal do que chata. Mas no fim a gente não conseguiu vender tudo, estamos pagando o empréstimo até hoje, mas a gente vendeu 1.500 de porta em porta, são 500 por mês, e sem contar que a divulgação foi feita só pela gente mesmo. Sem contar aquelas que a gente mandou pro pessoal que a ajudou a fazer, então cada um fez seu jeito de divulgar em sua região. Mandamos principalmente pra Manaus e Rio Grande do Sul, a gente tem contato com o pessoal ainda, por MSN, Orkut.
E qual a idade da galera que ajudou a produzir a revista?
Na parte de produção mesmo, o mais novo é o Bruno, que tava com 14 anos, e o mais velho... olha não sou eu o mais velho (risos), o mais velho foi a Regiane que tava com 35.
Mas tem muita gente com formação acadêmica, ou não?
Não, não tem. Com formação acadêmica na área de comunicação, acho que só a Gisella. Todos os outros não têm formação na área. Tem o Sandro com formação em Artes Plásticas , que é o cara do Rio Grande do Sul, e o Leonardo que é de São Bernardo que faz jornalismo, mas ele não fez nada ligado a jornalismo, ele fez histórias em quadrinhos.
Qual a perspectiva de vocês, já ta pra sair a segunda edição NE, o que mais vocês tem em mente?
A segunda edição está praticamente pronta, agora agente tem que captar recursos, ou fazer uma negociação com a gráfica, e a gente espera cada vez mais usar esses instrumentos pra entrar em contato comas pessoas que estão longe com a gente, não só para fazer a parte autoral, histórias em quadrinho, fotografia, ilustração, que eles mandam, mas também a parte de reportagem. A gente vai falar de sarau, e a galera fala de como é na sua região, de vários lugares, pra não ficar uma revista só de São Paulo, tem que ser um Território Livre e ter conteúdo de todo lugar. É até uma idéia de fazermos a mesma reportagem por pessoas de lugares diferentes, pra ver essa diferença.
Vocês já estão pensando em produzir a terceira?
Já, a gente quer fazer essa segunda, mas já estamos com várias idéias para a terceira, fizemos as seções, a gente conseguiu repetir uma seção de uma revista pra outra, a idéia é deixar tudo livre, para o pessoal produzir sempre coisas novas. É um conceito diferente nosso, as revistas acham que tem que criar seções fixas e que elas devem ficar lá pra sempre, a gente não, a gente quer sempre renovações.
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